terça-feira, 24 de abril de 2012

APRENDENDO A CONVIVER COM NOSSOS INIMIGOS


Muito tenho falado em minhas aulas que os maiores inimigos são aqueles que carregamos dentro de nós, inimigos que aparecem com seus nomes bem conhecidos como:  medo, raiva , ciúmes entre outros . Passamos uma vida toda convivendo com eles, em alguns momentos de forma pacifica em outros nos deixamos levar pelo seu impulso. A sutileza como agem estes inimigos nos faz perceber o quanto somos vulneráveis diante deles, e não há quem não tenha alguma marca ou cicatriz causada por algum sentimento conturbado e mal resolvido em suas vidas.
Dalai-Lama  ressalta a raiva como o maior de todos inimigos, segundo o monge,  uma pessoa com raiva é capaz de fazer coisas que jamais faria no estado normal de consciência. Mas poderia acrescentar também outro inimigo muito comum, o ciúme. O medo da possibilidade da perda, de sermos trocados ou dispensados pela pessoa que amamos nos leva a um estado de insensatez, provocando uma sensação de impotência. Passamos a ser a pessoa que o outro quer que sejamos na relação e vamos nos movimentando num sentido de perda de valores,  perdemos nossa auto estima e a nossa vontade de investirmos em  nosso progresso pessoal em detrimento a um sentimento de posse e de sermos dispensável, não conseguimos perceber que tudo é transitório e na realidade da impermanência, vemos que já somos dispensável por natureza, mais cedo ou mais tarde temos que partir para dar um pouco mais de espaço neste planeta aqueles que estão vindo.


 
A sutileza com que alguns de nossos inimigos agem, nos faz perceber que acima de tudo é necessário estarmos conscientes que andaremos sempre lado a lado com eles , mas não quer dizer que sempre seremos dominados .
Há um filme muito interessante neste sentido chamado Mente Brilhante interpretado pelo ator Russel Crowe que mostra a caminhada de vida de um esquizofrênico que sofre com suas visões atormentadoras, levando-o a problemas sérios de convivência durante sua vida. Com o passar do tempo o personagem começa aprender a conviver com seus “fantasmas interiores”  passando a  domina-los a ponto  eles não lhe causar mais transtornos.
Então como conviver com tantos inimigos e fantasmas interiores que rondam nossa mente? Acredito que a resposta esteja no autoconhecimento, a partir do momento que olhamos para dentro de nós, começaremos a perceber nosso potencial inato de lidar com coisas que achamos no momento impossível de ser realizar, pois nada é mais importante e sagrado que nossa vida, nosso corpo e nossa consciência onde esta todo o programa para conquistarmos há felicidade e a bem aventurança.
Tudo esta dentro de nós , “ Se você estiver sentindo nos sétimos céus , envolvido com uma grandiosa felicidade , olhe para dentro de ti que a causa esta ali , porém se estiveres sentindo muito triste  olhe também para dentro de ti que a causa estará lá também “ Estas são palavras de Roberto Crema, um grande educador do qual admiro. Desta forma, se formos seguir a lei da causalidade deveremos perceber que a causa dos efeitos problemáticos estarão sempre dentro de nós , pois o movimento que transforma e nos faz sermos o que somos e resultado de transformações que começam sempre de dentro para fora e não ao contrario.

Jony


terça-feira, 10 de abril de 2012

ONDE ESTA O FOCO.


Há algum tempo não escrevo no blog, embora minha vontade  de voltar para esta pagina tem sido grande e por vezes me  pego refletindo sobre as razões de estar longe daquilo que gostamos .Vejo que  nosso sofrimento e felicidade tem haver muito com nossas escolhas  e com aquilo que damos mais atenção,  e a atenção quando lapidada nos faz enxergar  de forma mais clara a realidade que nos cerca. Através de um olhar atento, percebemos detalhes  que surgem no meio daquilo que consideramos importante e indispensáveis, detalhes que podem ajudar a cultivar ou prejudicar nossas escolhas importantes, porém  somos maus observadores, deixamos de prestar  atenção, sobretudo aos detalhes que poderiam contribuir para uma mudança significativa em nossa vida.


 
“ O que somos é consequência daquilo que pensamos” esta frase , conhecida no budismo, ressalta que tudo esta em nossas mentes e se não estamos felizes no momentos  talvez seja por que nossos pensamentos não estão  de acordo com os objetivos que almejamos para nos realizar como pessoa .


Seguindo este pressuposto, torna fácil conhecer as pessoas, basta observar suas palavras já que elas são um movimento da sua mente em ação. Assim, uma pessoa otimista fala de forma proativa encontrando sempre uma maneira de crescer e interagir com as pessoas que as cercam, o os  pessimistas usam uma linguagem reativa onde as reclamações fazem partem constante de seu dia a dia , assumem geralmente uma posição de vitimas.




Se os pensamentos nos impulsionam para sermos o que somos hoje, resta então saber como procedemos para cultivar  bons pensamentos no meio de tantas informações deturpadas. Acredito que para filtrar tantas informações esteja na maneira de focarmos nossas metas. Nem sempre conseguimos manter o foco, mais temos a escolha de estar sempre em busca de uma visão clara e definida de nosso caminho, e com o treinamento da observação constante, poderemos retornar ao foco toda vez que este desajustar em nossa caminhada, pois nem sempre a imagem da realidade que nos cerca estará bem ajustada e focada.
 Jony

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Eliminando os Rastros


Ao longo de nossas vidas vamos acumulando muitos pensamentos e podemos até dizer que tais pensamentos são reflexos de experiências passadas num caminho percorrido. Porém, quando olhamos de um outro ponto de vista , podemos também afirmar que estes pensamentos se transformaram em rastros que volta e meia aparecem novamente em nossas mentes e direcionam nossas atitudes, levando-nos a realizar coisa de uma forma menos criativa e original , pois ficamos apegados a marcas do passado que nos guiam e muitas vezes nos controlam e congelam nossa originalidade , transformando-nos assim, em pessoas artificiais.

Entretanto, quando eliminamos estes amontoados de pensamentos que rondam nossas mentes em forma de rastros, acabamos experimentando uma sensação de algo novo e genuíno, uma sensação muito bem compreendida pelo os enamorados que por viverem intensamente uma paixão, conseguem extrair de um pequeno instante, a magia da vida que pulsa no presente.

Na filosofia oriental que abarca os princípios da conduta de muitas artes marciais tradicionais, mostra-nos que para atingirmos um estágio de “perfeição” em cada treinamento, precisamos nos assemelhar a uma grande fogueira, que se consome inteiramente sem deixar nada além de cinzas. Estes são os objetivos mais nobres num treinamento, pois caso não se proceda assim , corremos o risco de deixar vestígios que poderão se transformar nos detalhes do insucesso de nossos confrontos.

Um mestre certa vez falou: “Cinzas não voltam a ser lenha” .
Portanto , cada minuto de nossas vidas deveriam ser consumidos como se foste nosso ultimo momento , como uma grande fogueira que apenas deixa cinzas nada mais .

Sensei Jony

domingo, 5 de setembro de 2010

ARIGATO GOSAIMASHITA

Arigato gosaimashita é um termo entre muitos outros que comecei a ouvir com freqüência há alguns anos atrás quando freqüentei um dojo de kenjutsu , meu interesse pela artes marciais tradicionais , sobretudo o Kendo, fizeram-me entrar nesta arte marcial onde os princípios do bushido ( caminho do guerreiro) eram enfatizado a todo momento.

O respeito à hierarquia, a lealdade manifestada ao sensei , o espírito do “Kia” enfatizado a todo momento, a presteza na realização das tarefas me fizeram repensar sobre os Valores do caminho (Do) do qual a muito tempo já o seguia como professor de Judô .


Os treinos eram exaustivos e quase sempre eu e meu filho saíamos com o corpo “moído” do treinamento que sempre era muito intenso. Certa ocasião, ao termino de mais uma aula , resolvemos no caminho de volta para casa tomar um sorvete, lembro-me que neste momento nossos braços não estavam respondendo com precisão, pegar o sorvete e levá-lo em direção a boca, passou a ser um obstáculo, pois nossos músculos não respondiam com exatidão a este simples movimento, pois naquele dia, vivenciamos uns treinos mais forte.

Onegaishimassu era primeira palavra que usávamos ao entrar no dojo, para manifestar o respeito ao local de treinamento . O kimono e hakama ( vestimenta que usávamos para os treinamentos) junto com a shinai (espada de bambu ) e bogu ( armadura usada nos treinos de luta) fazíamos sentir muitas vezes como um samurai. E ao final de cada luta e treino, não importando como estávamos, agradecíamos sempre em voz alta dizendo: Arigato gosaimashita.


Por alguns motivos particulares, tive que parar os treinamentos de Kenjutsu, porém, levei muitos ensinamentos preciosos para minha vida e para meu dojo, jamais esquecerei da figura do Sempai que conduzia a aula com muita inteligência e lealdade ao Sensei, do som da batida da shinai no Men (parte de cima da armadura que protege a cabeça) do oponente na hora da luta, de algumas manchas roxas herdada pelos treinos e sobretudo, da paz e sentido de dever cumprido que levávamos para o resto do dia após cada treinamento.

Arigato gasaimashita é manifestação de agradecimento que levarei sempre comigo pelos ensinamentos e grande oportunidade de crescimento que tive com esta arte marcial.

Sensei Jony

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

QUEM SOU EU?

Curioso quando temos que relatar de alguma forma sobre quem somos nós, e é nestes momentos aparecem muitas dúvidas sobre o que falar. Talvez as dúvidas seja pelo o motivo de não sabermos realmente quem somos nós, e diante desta insatisfação, acabamos nos entregando a arrogância de falar além da nossa realidade. Basta observarmos os Orkuts e os relatos de seus usuários sobre quem são eles e iremos constatar uma tentativa de tentar ser convincente a respeito de si mesmo, o que quase sempre a convincência passa longe da realidade sobre a pessoa, e por faltar esta ferramente indispensável, acabamos vendo neste site um amontoado de besteira sobre a pessoas, digo besteira, pois na maioria das vezes, quase nada tem a ver com fulano.
Porém, na busca sobre nós mesmo, para nos tarnarmos pessoas mais coerentes, acabamos nos esbarrando com o espelho social que reflete as atitudes e comportamentos do nosso meio, e assim, tiramos os exemplos daquilo que consideramos normal entre as pessoas, e vamos vivendo apegados a uma idéia e maneira de ser, que na verdade, não são nossas.
Talvez ai esteja a grande diferença entre a conquista de algo grandioso com o recalque de não conseguir realizar os objetivos proposto por cada um. A grandiosidade esta presentes entre as pessoas proativas que usam uma linguagem positiva de si e de suas atitudes , não se deixando conduzir pelo movimento externo, pois estas pessoas, descobriram seu potencial e fazem dele a viga maior de sua sustentação no caminho dos seus objetivos.

Mas há os ditos recalcados, que ao contrário dos proativos, usam uma linguagem reativa mostrando seu negativismo e pessimismo em torno de suas atitudes. São pessoas muitas vezes inconformadas com o sucesso e a glória de seus companheiros, na maioria das vezes, perguntam a si mesmo quando observam um vencedor, como ele conseguiu chegar lá? Se esta pergunta foste direcionada a um mestre, alguém que atingiu sua plenitude num caminho, com certeza ele diria: Para você chegar lá, primeiro vença seus maiores inimigos. Mas onde estão estes inimigos?
Isto dependerá do olhar de cada um , alguns enxergaram seus inimigos olhando para dentro deles e percebendo que suas limitações erros e enganos são resultados, na maioria das vezes, da falta de confiança, medo e impaciência entre outros pensamento que assolam nosso espírito e nos deixam vulneráveis, impossibilitando de chegarmos as nossas maiores realizações, estes lutam contra todo os movimento da mente , pois consideram como sendo os maiores obstáculos para concretização de seus atos.

No entanto, há os que enxergam seus inimigos olhando para fora deles, assim, quase sempre estas pessoas não conseguem concretizar grandes sonhos em suas vidas, ficando presas aos resultados externos de sua “luta” experimentando quando mal sucedidos em suas empreitadas, uma grande decepção e por estarem erroneamente enxergando os acontecimentos em suas vidas, vão acumulando decepções onde o resultado de tudo isto , será o enterro de seus planos e metas de vidas.


Então o caminho mais nobre a seguir para nossas realizações poderão ser guiados pelas as orientações de grandes mestres, pessoas vitoriosas que não se apegaram a “normalidade da vida” distanciando do espelho social, realizando-se com despertar de seu potencial inato e mágico em prol de seus grandes sonhos.

Sensei Jony

domingo, 15 de agosto de 2010

EQUIVOCANDO-SE


É inegável que a força de uma meta pode nos levar a realizar nossos objetivos. Porém quando temos uma visão unilateral desses ideais traçados, podemos nos perder no erro de valorizar exclusivamente nossos ganhos e vitórias e desprezarmos nossas derrotas e desencontros.

É muito natural sentirmos um desolamento e tristeza por ideais frustrados, pois na maioria das vezes não estamos preparados para receber uma frustração na trajetória de nossas metas. Assim, muitos incorporam os desencontros erros e equívocos como se foste parte da tragédia da sua vida, mas se olharmos com atenção, perceberemos que estes equívocos podem se transformar numa grande lição que nos ajudará a abrir os olhos da mente para nossas fraquezas, e a partir daí, poderemos ficar mais forte e incentivados a buscar nossas metas com a experiência e o incentivo do aprendizado fornecido pelos erros no meio do trajeto.


Dentro deste ponto de vista, percebo que as vantagens e desvantagens passam a ser sempre um ponto de reflexão para encontrar uma resposta mais coerente naquilo que buscamos para nós. E quando não ficamos parado numa visão unilateral do certo ou errado, do bom e mal no exercício de nossas atitudes, é que vamos perceber o lado positivo e significativo da pratica da vida.

Caminhar em frente “sem olharmos para trás” , pode ser a melhor opção para não corremos o risco de nos perdermos numa visão fechada de nossos erros e acertos , pois no ciclo da vida, os dois lados da mesma moeda estarão sempre se alternando e nos mostrando a instabilidade de nossa existência e a grande oportunidade de estarmos sempre aprendendo, sobretudo, com os desencontro e equívocos.
Sensei Jony

domingo, 1 de agosto de 2010

Conhecimento Vazio


O conhecimento sem a prática pouco ou nada serve para conquistarmos nossas metas, ha quem diga que a prática é a essência de todo aprendizado e sem ela corremos o risco de nos iludirmos com a idéia que o acúmulo de conhecimento seria a chave para nos tornarmos pessoas esclarecidas e aptas a viver melhor. Mas para estes devoradores de livros e apegado excessivamente a teoria, cabe uma frase de um mestre zen, que disse: “ Devoradores de livros são as traças” .

A filosofia do aprendizado ocidental nos direciona desde muito cedo para o acúmulo de conhecimento, as escolas obrigam seus estudantes a adquirir conhecimentos que serão em pouco tempo supérfluo e nada ou quase nada serão aproveitado para vida do estudante. Em contrapartida, a filosofia oriental trás um enfoque diferente na busca do conhecimento, partindo do pressuposto que “já temos o conhecimento dentro de nós” e para despertamos precisamos estar plenamente envolvido com prática.

O grande educador, mestre e fundador do Judô, Jigoro Kano , “ já dizia que o segredo do Judô é nunca parar de praticar” .

Acredito que pratica deve ser vista como uma estratégia para conseguimos nossos objetivos, pois é no campo da experimentação de nossos valores é que vamos nos descobrindo e desbravando nosso mundo interior repletos de qualidades e dons, que talvez nem saibamos que exista.

Para isto, é importante aceitar os desafios e os grandes obstáculos que se interpõem em nosso caminho, aceitando, sobretudo, de forma positiva as “cicatrizes e ferimentos” que o exercício da pratica possa nos deixar. Pois são através deles que nossos olhos se abrirão para realidade do verdadeiro conhecimento, que esta longe de ser vazio e insignificante, desde que estaja sempre sobre o apoio da pratica.

Sensei Jony

domingo, 25 de julho de 2010

O PREÇO DE UMA MEDALHA


Há uma lei universal que diz que tudo tem um preço e que para conquistarmos algo temos que pagar um preço por aquilo que almejamos. Porém há quem diga que existem coisas que não tem preço. Será?

Quando tentamos mensurar um preço por algo conquistado, às vezes entramos num paradoxo e corremos o risco de nos perdermos na nossa interpretação dos fatos. No entanto, se perguntarmos a um atleta o quanto custou o preço da conquista de sua medalha, poderemos ouvir as mais variadas explicações de seu trajeto até sua preciosa medalha, “nesta balança “ estará presente sua disciplina misturada com seu suor e acompanhado do sofrimento, ocasionado pela exaustão e outras por contusões nos treinamentos, mas sobretudo , pelos “fantasmas” da incerteza da vitória, que ronda em alguns momentos, mesmo que insignificantes, na mente de cada atleta.


Do ponto de vista simbológico, a medalha trará a lembrança de uma conquista onde o trajeto do atleta foi marcado pela sua persistência e fé na conquista de sua meta, e quando nos lembramos destes atletas que marcaram seu caminho com grandes realizações pessoais, lembramos também do seu exemplo e de sua coragem em busca de seu ideal.


Estes atletas serão sempre ídolos de grandes platéias ou simplesmente de alguém que se identifique com sua busca. Seu exemplo será sua marca no caminho, que com certeza, irá servir de seta para aqueles que estão vindos atrás.

Sensei Jony

domingo, 25 de outubro de 2009

Onde esta o caminho "Do"?


Recentemente vi um filme que me chamou atenção pela sua mensagem de superação e determinação passada pela atriz principal, Demi Moore. O filme (Até o limite da honra) começa e termina com uma frase que para muitos, não passa de algo enigmático e sem muito sentido, mas na verdade, ela sintetiza a essência do caminho (Do), que está presente não só nas artes marciais que adotam “Do” como virtude, mais em muitas outras vias que nos levam a perceber nossa existência de uma forma mais clara e natural.

A frase: “Um pássaro cai morto de um galho, sem jamais sentir pena de si mesmo.”

Citada por um comandante para um grupo de soldados de uma escola naval americana, que irão viver posteriormente um verdadeiro inferno de privações e torturas, típico dos mais rigorosos treinamentos militares de guerra, anuncia o sentido verdadeiro do caminho guerreiro, que nada mais é do que romper com as amarras do ego para poder seguir enfrente sua caminhada de forma natural, seja estando num inferno ou num paraíso.


A grande verdade, é que nós seres humanos vivemos a maior parte do nosso tempo apegado a nós mesmo e aos nossos julgamentos, quase sempre centrados nas coisas que são apropriadas ou não para nossos interesses. Assim, vamos cada vez mais descartando o que é natural em nossas vidas, em detrimento as nossas preferências egoísta, onde construímos um mundo distante do que poderíamos chamar de ideal para nos realizarmos como pessoa.

Interpretando um pouco mais a frase do comandante, vamos perceber que o pássaro que caiu morto de um galho e que jamais sentiu pena de si mesmo, passa a ser uma metáfora da morte de um ego, que vive clamando por uma vida de piedade e privilégios.

O fim do caminho de todos os verdadeiros guerreiros passa ser o triunfo de uma existência que conseguiu superar o apego, ficando livre das correntes do ego e estando pronto a cada momento para partir, sem sequer sentir pena de si mesmo.

Sensei Jony

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

As mudanças no caminho.

É surpreendente perceber como somos vulneráveis a tantas transformações, sobretudo quando estamos caminhando numa jornada onde cada passo percebemos que alguma coisa mudou e já não somos os mesmo. Quando paro para recordar dos vários momentos que vivi nesta caminhada com o Judô, olhando para trás, vejo alunos que hoje se transformaram em adultos e seguem suas vidas cada qual com seus afazeres.

Este sentimento de mudança que oscila como um pêndulo, que nem sempre cai para o lado que desejamos, nos vai mostrando que a vida é um fluxo initerupto de muitos acontecimentos, alguns deles bem imprevisível, o que nos leva pensar dos porquês de tantas mudanças. A exemplos disto, posso citar muitos dos meus alunos que julgava ter um futuro brilhante pelo seu talento nato na arte e acabaram sucumbindo no caminho por motivos que talvez para eles fossem mais importante, e outros, que com grandes dificuldades conseguiram chegar longe na caminhada, tornando-se grandes colaboradores do nosso Dojo.


Com o passar dos anos, constatei que o talento e os dons divinos na arte podem ajudar muito a afastar grandes dificuldades e barreiras que julgamos intransponível com mais facilidade. Mais como a construção do conhecimento não se faz apenas com os talentos e sim com muito esforço e perseverança, estas pessoas ditas privilegiadas, pelos seus dons, acabam muitas vezes sendo suas vitimas, e fenecem num caminho que poderia ser exemplar a todos a sua volta.

Assim, percebemos que são justamente os vários contratempos, erros, derrotas, decepções, e frustrações inerentes ao caminho, que no fundo, nos estimulam continuar caminhando em busca de nossos ideais.

E quando vejo alunos que iniciam sua caminha no Judô, com o sonho da faixa preta e de se tornar um grande campeão, consigo perceber o quanto irão ter que “sofrer” para conquistar seus sonhos. Porém, a experiência me trouxe uma visão mais clara sobre as dificuldades e quando percebo estas sobre meus alunos, posso afirmar que experimento uma sensação de preocupação e contentamento simultaneamente. Preocupação pois temo que elas possam ser mas fortes do que eles e contentamento, pois sei que elas estão ali para testá-los e sua presença será importante no desenvolvimento de cada um.

A grande verdade, que apesar de todos os ensinamentos convergirem para um maior preparo psicológico e físico de cada aluno, ainda sim, não podemos moldar totalmente seu interior, pois cada um , carrega dentro de si mistérios , forças e fraquezas, que estão na maioria das vezes distante de nosso controle.

Acredito que a sabedoria maior, esteja em não ir contra a correnteza e aceitar de bom gosto todas as dificuldades, como se fosse um presente divino que nos transformará pessoas e judoca melhores.


Sensei Jony

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Qual é a melhor arte marcial?


Há muitos anos venho ministrando aulas de Defesa Pessoal para formação de profissional de segurança, e freqüentemente sou surpreendido com perguntas sobre qual a arte marcial mais eficiente. Mesmo que tivesse praticado todas as artes, ainda sim, não conseguiria responder tal pergunta, pois quase todas elas, sobretudo as artes tradicionais que estão apoiadas numa visão filosófica de um caminho (Do) espiritual, convergem para um treinamento do conhecimento de si mesmo onde os maiores obstáculos, sem dúvidas, estão na capacidade de discernimento do que fazer em situações onde os obstáculos nos surpreendem.

Assim, num combate, nem sempre vence o mais habilidoso, às vezes o sucesso da luta estar além das fronteiras da técnica, onde para se chegar é preciso que se caminhe apoiado na persistência, afim de vencer os adversários mais fortes e astutos que um lutador pode ter em seu caminho, os seus “inimigos invisíveis”, que aparecem com vários nomes, como : medo, raiva, insegurança entre outros que nos vivem dizendo que não somos tão capazes assim.

Dentro desta linha de pensamento, poderia dizer então, que a melhor arte marcial será aquela que prepara seus discípulos para se defenderem com um maior poder de discernimento e autocontrole na luta contra nossos inimigos e adversários mais sutis, e que estão nos acompanhando dia a dia.

Já dizia nosso grandioso mestre Jigoro Kano , fundador do Judô, que a “maior de todas a vitórias é a que conquistamos sobre nós mesmo” . Nada adiantará conquistarmos uma posição de estatus numa arte marcial, seja subindo no mais alto degrau de um pódio ou conquistando a mais alta graduação, se não conseguimos o maior de todos os conhecimentos, que é aquele sobre nós mesmo.

Acredito que o segredo para o desbravamento destas conquistas interiores, esteja apoiado nas virtudes do caminho (Do), que nos leva a refletir constantemente sobre nós mesmo e sobre os diversos obstáculos que se interpõem na nossa caminhada.

Sensei Jony

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Espírito de Repetição


O espírito de repetição é o movimento que nos aproximar da técnica perfeita. Em todas as atividades que um dia foram ideais e que hoje são importante para nossas vidas, só se concretizaram pela insistência na pratica, onde a repetição se tornou o melhor caminho para concretização do ideal proposto.

Um aluno que inicia uma prática num caminho espiritual, ao chegar é como se foste um pedra bruta, e que com o tempo, vai sendo lapidada pela insistência na prática, e aos poucos, as transformações vão sendo notadas em toda a sua plenitude. Assim, todos os mistérios que circundam a arte vão sendo revelados pela prática, que deve ser sempre temperada pela nossa persistência e motivação interior.

Sensei Jony

domingo, 4 de outubro de 2009

Shoshin
Shoshin, literalmente significa mente de principiante. A mente de um principiante é uma mente aberta para o conhecimento, que não esta aprisionada as indagações profundas do que é certo ou errado. É uma mente que aceita as coisas como elas são, sua forma de ver é natural e descontraída, livre dos hábitos do experiente no caminho.

A mente do principiante carrega consigo todas as possibilidades que os medos e as ansiedades do mais adiantado no caminho manifesta. É uma mente comparada ao um grande portal, que se abre a todos no início da caminhada, e aos poucos vai se fechando, é quando percebemos que o vazio foi preenchido por um amontoado de experimentos, duvidas e incertezas. Sentimos a necessidade de resgatar a naturalidade e pureza da mente de iniciante que um dia perdemos.

Sensei Jony

Cerimonial de Troca de Faixa - 2009
Não podemos se esquecer que as grandes jornadas começam com o pequeno primeiro passo, e que no final delas, é a lembrança do trajeto que fica na memória, para sempre. Encontrar espaço, ou tempo, para pensar nesses aspectos se torna fundamental para todos aqueles que seguem o caminho (do). Mas o verdadeiro judoca para, medita e reflete sobre seu caminho, o que o leva a subir mais um degrau na infinita escada do esclarecimento.

Simplesmente viver , para todo o judoca é trilhar o caminho que o leva a se encontrar com o mistério que esta envolto pela vontade divina e pela nossa própria força de vontade, de realizar feitos que um dia podemos nos orgulhar e partilhar com as novas gerações. Mas basta lembrar que a jornada de um judoca é feita de passos. Pequenos e sempre um de cada vez. E alguns tropeços e quedas, mas sempre mantendo a humildade de aprender e o orgulho de se levantar, nunca se entregar.


O caminho, quando encarado dessa forma, parece um pouco mais simples, leve, previsível. Mas não há mal nisso. Ajuda muito ter em mente a noção de metas para o dia: sorrir, cumprimentar, relevar, ajudar, se esforçar. Mas todo o esforço precisa vir do coração, um esforço sincero. De outra forma, seria apenas encenação de cortesia, uma máscara que cobre um coração vazio de intenções de um indivíduo que é um dente de uma fria engrenagem, e não um pequeno motor.


Um grande mestre ZEN disse uma vez: "Estudar o EU é esquecer o EU. Esquecer o EU é compreender todas as coisas."
Sensei Jony

segunda-feira, 14 de setembro de 2009



Mensageiros da alma

As palavras devem ser excelentes intérpretes da alma. Elas devem ser uma fragrância emanada pela alma, e esta reside nos mais íntimos recessos de uma floresta de mistérios. Seus débeis ecos viajam através de campinas, roçam as folhas das árvores e, assim como zumbido das abelhas, chegam suavemente aos nossos ouvidos. As palavras devem ser os símbolos, os mensageiros, os anjos da alma. E devemos estar determinados a trata-las bem.


Genjiro Yoshida

Tornando-se um bom observador.


Na verdade, somos todos mal observadores, pois seguimos uma tendência de olharmos tudo numa única direção, deixamos de ver coisas que nos agradavam em tempos passados, e muito embora elas possam ainda estar próximas de nós, não mais há percebemos. Seguimos um ritmo vertiginoso que nos afastam para uma única direção e acabamos sendo roubados pela rotina que nos aprisiona na mesmice de nossas vidas.
É como se estivéssemos procurando algo em lugares onde nunca acharemos. Quem sabe se objeto de nossa procura esta em um lugar escuro e de difícil visibilidade, e ai, como é mais fácil, vamos nos iludindo com a luz que ilumina algo que não é importante para nos transformar em pessoas melhor.
Para quem não conhece, existe uma meditação oriental chamada de Zazen, que literalmente significa meditar sentado, um pratica que fazemos em nosso Dojo e que induz a olharmos para nós mesmo. No Zazen, sentamos em puro silencio e procuramos observar nosso interior com o olhar do coração. Com pratica, constamos a fatídica verdade, que nossos olhos estão quase sempre muito abertos para o lado de fora e fechados para o lado de dentro. Assim, vamos caminhando como cegos, sendo vitimas de um mundo agitado que nos roubas a alegria e o prazer de viver.
É preciso mudar nosso olhar, um olhar que seja mais investigativo, que propicie a descoberta de nós mesmo, que traga mais detalhes a nossas vidas, e que possa nos conduzir, não pelos caminhos iluminados, mas sobretudo, pelos caminhos cheios de obstáculos e de pouca luz que aparecem em nossas vidas e que são importantes nas grandes descoberta. É preciso urgentemente mudar nosso olhar.
Sensei Jony

Mudar o mundo, é mudar o olhar.
Do olhar que estreita e subtrai,
Para o olhar que amplia e engrandece.
Do olhar que julga e condena,
Para o olhar que compreende e perdoa.
Do olhar que teme e se esquiva,
Para o olhar que confia e atreve.
Do olhar que separa e exclui,
Para o olhar que acolhe e religa.
Todos os olhares num só olhar.
O olhar da inocência e o olhar da vigilância.
O olhar da justiça e o olhar de misericórdia.
Todos os olhares num só olhar.
Olhar de criança que brinca,na Primavera,
Olhar do adulto que labora,no verão,
Olhar maduro que oferta,no Outono,
Olhar de prece e de silêncio, no Inverno.
O olhar de quem nasce, o olhar de quem passa,
Olhar de quem parte.
Olhares da existência no olhar de Essência.
Todos os olhares num só olhar.
Dançar de roda na órbita do olhar,
Dançar de guerreiro em volta da fogueira do olhar,
Dançar de Ser no olhar do Amor.Dançar e brincar de olhar.
Olhar o porvir, do instante que nasce,
No coração palpitante da transmutação.
Viva o novo olhar!
Olhe a vida de novo!Novo olhar, novo viver!
Mudar o mundo é mudar o olhar.
É alto olhar,Altar do olhar.
É ousar viver, é viver no ousar.
É amar viver, é viver para amar.
Só então partir, para o Grande Olhar.
Todos os olhares num só Olhar.
Num mesmo Olhar.
Supremo Olhar.
Olhar.

Roberto Crema